quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Irmãos... por que tê-los?

Irmãos... por que os temos?
Na verdade, eu não tenho irmãos.
Tenho um.
Este aqui do lado.
Dois anos mais novo do que eu.
Mas o que foi que Deus quis que eu aprendesse quando nos permitiu ser irmãos?
Não tenho a menor idéia.
Não mesmo.
Ele ama tudo o que se parece com pagode e forró, e eu não suporto gente que não sabe cantar e só tem bunda pra mostrar.
Ele não suporta estudar e eu sou quase viciada nisso.
Ele não se importa se tudo o que tiver for uma mochila, um par de tênis, comida e boa conversa.
E é aí que eu começo a aprender.
Eu sempre quero mais. Sou grata por tudo que Deus me oferta, mas sempre acho que dá pra melhorar, que posso fazer melhor. Mas será que tudo o que eu preciso não é exatamente o que tenho?
Ele só precisa de uma mochila pra correr o mundo.
Eu preciso da mochila, de uma bússola, de uma câmera fotográfica, de amigos pra quem mandar as fotos, da certeza de que meus pais ficarão bem sem minha presença.
Aprendi a carregar bem menos peso em minha mochila com ele. Só o básico pra minha felicidade.
Se ele não se importa em dar um telefonema, não é por falta de carinho ou desconsideração.
É simplesmente porque ele está tão feliz, tão pleno, que isso nem sequer passa na cabeça dele.
Se ele tem amigos que dormem debaixo de viadutos e eu não, é porque eu não me permito a humildade de pessoas que não necessariamente são "nocivas" somente porque não têm um teto.
Ele dá oportunidades a todos, eu não. Eu acho que posso selecionar a quem vou amar.
Deus deve saber quantas amizades já deixei de ganhar por causa disso.
Ele não vê família como a instituição que vemos.
Família pra ele é simplesmente um porto seguro. Um "box" onde ele pára pra trocar os pneus, reabastecer e sair correndo o mundo de novo.
Ah, mas isto, isto eu não quero aprender.
Porque este é o amor mais complexo que pode existir. É uma linha tão tênue, tão frágil entre o amor e o ódio no amor de família, que não posso deixar de amar o desafio que é amar a família.
Não sei exatamente porque tenho o irmão que tenho.
Mas sou grata porque, apesar dele ser caçula, me ensina muito mais do que ele sequer imaginou.
E serei grata também se puderem me avisar caso o vejam em algum lugar, algum dia... porque ele saiu pra rodar o mundo de novo e não se lembrou da família.
Não sabemos onde ele pode estar desde o dia 02.09, não temos notícia e não sabemos se está bem.
Caso pensem em me julgar por estar procurando por ele, estejam à vontade, mas lembrem-se que faço isso porque o amor mais complexo que pode existir é o amor de família. E eu o amo.
Amo a vocês também e é por isso que arrisco contar com um tempinho de vocês pra ler esta e serem meus olhos por lugares em que somente vocês caminham.
Não sei porque tenho o Henrique como irmão e, por sermos tão diferentes, amo ser irmã dele.